quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Eu li Ensaios Apologéticos - Francis Beckwith, William L. Craig, J.P.Moreland et al.

Ensaios Apologéticos - Francis Beckwith, William L. Craig, J.P.Moreland

Escrito em forma de tributo ao grande apologista Norman Geisler, Ensaios Apologéticos reúne ensaios das maiores mentes do mundo evangélico contemporâneo, filósofos e teólogos como William L. Craig, J.P.Moreland, Francis Beckwith, Ravi Zacharias, Craig Blomberg e Ben Witherington III. Cobrindo tópicos como A Existência de Deus, Jesus, Desafios Filósoficos, Culturais e Religiosos a Fé Cristã. Com certeza é uma obra de introdução à apologética necessária a todo pensador cristão, embora seja voltada para aquele que já tem um certo conhecimento do assunto, para o leigo eu indico Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu, do Norman Geisler.

Os ensaios que mais me chamaram a atenção foram O Argumento Ontológico por William L. Craig, e A Cristologia de Jesus Revista por Ben Witherington III. O primeiro, defendido por Craig, não por ser o mais persuasivo dos argumentos - de fato, não é - mas pela excelente explicação de Craig desse controverso argumento que tenta deduzir a existência de Deus a partir do próprio conceito de Deus e de outras verdades necessárias. Anselmo de Cantuária, que desenvolveu o argumento, afirmava que se uma pessoa pode compreender a noção do maior ser concebível, então, esse ser deve necessariamente existir, pois, se não existisse não seria o maior ser concebível. Esse argumento persuadiu pensadores como Duns Scotus, Descartes, Leibniz e Espinosa, já outros, como Schopenhauer taxavam o argumento de "uma piada fascinante". Nos últimos anos, Alvin Plantinga têm sido o maior divulgador do argumento.

Ben Witherington III também traz um bom ensaio sobre a cristologia de Jesus
, ele mostra quão importante era, para o mundo antigo, a origem geográfica e familiar do individuo, já que era segundo esses padrões que a identidade do individuo era estabelecida, sendo muito mais importante de quem o individuo era filho do que quem ele era. Jesus veio de uma cidade insignificante e não tinha laços estreitos com sua familia, logo, segundo os padrões daquela cultura ele seria visto como um errante. Portanto, ao estudarmos o contexto cultural da época de Jesus "mais provável parece que Ele, de fato, tenha feito algumas afirmações messiânicas, direta ou indiretamente, para superar tantas e tão criticas tradições antigas sobre o estabelecimento da identidade do indiduo."

Infelizmente, nem tudo é perfeito, a edição da editora Hagnos é terrível, sobram erros de digitação e falhas em pontuação, realmente triste! Mas vale a pena ter esse livro na estante, é comida boa para o cérebro!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A RESPONSABILIDADE DE BATALHAR PELA FÉ

Qualquer crente entusiasmado com a atividade apologética conhece os versículos bíblicos que fundamentam essa atividade. 1Pedro 3.15 é o mais usado deles, também temos Mateus 22.37, Isaias 1.18 e Judas 3. Não é comum vermos um apologista corroborar sua atividade com base em Judas 3. Até mesmo eu, já conhecendo o versículo, não havia compreendido a sua dimensão, quando eu entendi a dimensão do versículo, percebi que se tratava não só do melhor versículo para fundamentar a atividade apologética, mas também, revelava a tremenda responsabilidade de tal tarefa.


Antes de analisar o versículo precisamos entender um pouco sobre as ações milagrosas de Deus na Bíblia. Primeiro: Deus nunca faz milagres simplesmente para aparecer, há sempre um propósito, quer seja um ensinamento, um príncipio a ser passado, ou para prenunciar algo que acontecerá futuramente (Jonas na barriga da baleia, por exemplo, simboliza a ressurreição de Cristo). Segundo: Deus faz milagres, quase que exclusivamente, quando está trazendo uma nova revelação, para confirmação da mesma. Foi assim quando Deus libertou Seu povo do Egito, e foi assim também na época de Jesus e dos Apóstolos. A ocorrência de milagres era tão freqüente exatamente porque Deus estava fazendo uma coisa nova, e os milagres serviam para corroborar essa nova mensagem que Deus estava trazendo através de Jesus e posteriormente dos apóstolos. Os milagres eram simplesmente necessários para confirmar as alegações de Jesus e dos apóstolos. Mas, chegou um momento em que Deus já havia concedido toda Sua nova revelação, a mensagem havia sido confirmada e concluída – o Novo Testamento estava pronto! -, logo, Deus não mais, necessariamente, se manifesta para corroborar sua Palavra – o cânon está fechado!


Com isso em mente, podemos prosseguir para a análise de Judas 3, o versículo é o seguinte:


"Amados, enquanto eu empregava toda a diligência para escrever-vos acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever, exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos. "


A palavra “fé” (πίστις) , nesse versículo, se refere ao conjunto de crenças dos cristãos, isto é, a “fé cristã”, a religião em si, e não ao sentimento de fé. Mas o que é mais fantástico vem depois "que de uma vez para sempre foi entregue aos santos." Preste atenção no “que de uma vez para sempre”. Recapitulando o segundo parágrafo, sempre que Deus trazia uma nova revelação, Ele fazia diversos milagres para corroborar a veracidade da mensagem, assim foi na época dos apóstolos, Deus estava trazendo uma mensagem totalmente nova e, portanto, os milagres aconteciam freqüentemente – o próprio Deus confirmava a mensagem. Mas, já vimos que, agora a mensagem já foi confirmada e concluída, e, portanto, Ele não mais precisa agir para confirmar o que Ele já confirmou, está fechado e lacrado por meio do Novo Testamento. Agora, a responsabilidade por essa defesa da Palavra de Deus foi “de uma vez para sempre...” (forte isso!), “...entregue...” (παραδίδωμι - confiada!) “...aos Santos.” (nós!). Você percebe a revelação que esse versículo traz? É simplesmente fantástico! Deus confiou (παραδίδωμι) a responsabilidade de pelejar pela sua mensagem – o Evangelho, a Verdade, a fé cristã – a nós, eu e você! A responsabilidade que outrora era do próprio Senhor, agora está em nossas mãos. É simplesmente tremendo! Esse versículo revela que não só a apologética é um mandamento claro de Deus em Sua Palavra, como ela também é uma grande responsabilidade sobre aqueles que estão envolvidos nessa atividade. Em nossas mãos está o que outrora era responsabilidade do próprio Deus. Nada é mais persuasivo do que isso para nos comprometer com essa importantíssima tarefa de defesa da fé cristã. Vamos obedecê-lo!

Vitor Pereira

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

William Lane Craig falando sobre a ressurreição de Cristo

Esse aúdio é fantástico.
William L. Craig, o maior apologista cristão, apresenta evidências incontestáveis para a resurreição de Cristo!
The Resurrection of Jesus - William L. Craig
Vale a pena ouvir são apenas 25 minutos.
Eu ouvi há mais de um ano atrás e jamais esqueci.

Esse e outros aúdios e artigos do William L. Craig eu estou colocando no endereço
http://www.mediafire.com/?sharekey=fd21436be85218924012e8015643d9c8c85cdf5cbc19bbc0
Incluindo uma coleção de 677 páginas de artigos do William L. Craig.

Obs.: é em inglês!!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

DIVINO CONTRA$TE

O Cientista dos cientistas

"Os cientistas foram a Deus e afirmaram que eram capazes de fazer tudo quanto Ele fazia:
- Como o quê? - pergunta Deus.
- Como criar seres humanos - respondem os cientistas.
- Mostrem-me - Deus diz.
Os cientistas respondem:
- Bem, nós começamos com um pouco de terra e...
Ao que Deus interrompe:
- Espere um minuto, usem a sua própria terra."

William A. Dembski em Ensaios Apologéticos
Site do autor: http://www.designinference.com/

domingo, 20 de janeiro de 2008

Eu li Eclipse de Deus - Martin Buber


Eu não gostei muito, achei o livro um tanto quanto chato e não fiz muito esforço para entendê-lo, não gostei da linguagem rebuscada do autor. Ainda assim, eu destacaria o capitulo sobre Religião e Pensamento Moderno, no qual o autor faz considerações bem interessantes. Quem tiver oportunidade leia esse capitulo, já que não há a necessidade de ler o livro inteiro, por ser este uma coleção de artigos

Descrição do Submarino.com.br "Em Eclipse de Deus, Martin Buber mostra a relação com o Absoluto que se pode encontrar na filosofia e na história da religião, desde os filósofos pré-socráticos até pensadores do século XX. Buber expõe sua interpretação do pensamento e das crenças ocidentais, com ênfase nas relações da religião com a filosofia, com a ética e com a psicologia junguiana. Vivemos atualmente, diz Buber, o tempo do eclipse de Deus. Como no eclipse do sol, parece que ele não existe mais, se não se sabe que de fato está encoberto. No entanto, o eclipsar da luz de Deus não é um apagar-se. Amanhã, o que se interpôs sobre ele já poderá ter ido embora. Num dos capítulos centrais deste livro, Buber faz uma crítica à maneira como Carl G. Jung trata o fenômeno religioso, o que motivou uma réplica de Jung e, posteriormente, uma tréplica de Buber. Esse rico diálogo sobre as relações entre religião e psicologia pode ser inteiramente lido em Eclipse de Deus."

sábado, 19 de janeiro de 2008

Nova tradução a caminho "The Psychology of Atheism" - Paul Vitz Ph.D

Muito mais comum, na psicologia, é uma tentativa de dar mais comum, na psicologia, é uma tentativa de dar alguma explicação psicológica para a crença religiosa. Nesse artigo, Paul Vitz, professor da New York University, faz exatamente o oposto fundamentando o ateísmo em razões psicológicas e refutando algumas objeções da psicologia em relação a religião

Para quem domina o inglês, ai vai o link do texto original:
The Psychology of Atheism - Professor Paul Vitz

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Despertai, Bereanos! no Orkut




Posso ser um pouco sonhador demais, mas eu acredito que um dia as idéias divulgadas nesse blog transformarão a Igreja Brasileira. Diferente do que apregoam muitos pregadores evangélicos, os textos Bíblicos que fazem promessas extraordinárias como "Tudo que pedirdes em oração, crendo, recebereis" Mateus 21.22 ou "Tudo posso naquele que me fortalece" Filipenses 4.13, não devem ser usados para satisfazer nossos desejos egoístas - um carro, uma casa e muito dinheiro - mas sim devem ser usados como motivação para satisfazer o propósito de Deus em nossas vidas. Eu acredito firmemente que meu propósito é ensinar e fazer a Igreja se tornar mais ativa nos debates intelectuais da sociedade. Só o cristianismo oferece respostas coerentes para os problemas do nosso mundo e portanto, ele deve estar presente em todas as esferas. Foi pensando nisso que criei esse blog como um primeiro passo na direção desse sonho, sei que muitos tem o mesmo sonho, mas muitos apenas criticam e criticam a Igreja com o intuito não de corrigi-la mas de denegri-la e sequer tomam atitudes que realmente possam transformá-la, não podemos viver apenas de falar mas sim temos que nos unir de agir, por isso o segundo passo que eu dei foi criar uma comunidade no Orkut para os frequentadores do blog e aqueles que partilham das opiniões vinculadas aqui, onde possamos discutir estratégias e soluções práticas para o "aperfeiçoamento dos santos" (Ef 4.12), basta que cada faça sua parte em sua congregação local e o terceiro e grande passo terá sido dado.

Participem: COMUNIDADE DESPERTAI, BEREANOS!

"Seja a mudança que deseja ver no mundo" Mahatma Gandhi

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Paul Johnson e as Universidades

“De todas as calamidades que se abateram sobre o Século XX, além das duas guerras mundiais, a expansão da educação universitária nos anos cinquenta e sessenta é a mais duradoura.É um mito a crença de que as universidades são o berço da razão.São o abrigo de todo tipo de extremismo,irracionalidade,intolerância e preconceito;um lugar onde o esnobismo intelectual e social é propositadamente instilado e onde professores passam para os estudantes os seus próprios pecados de orgulho”.

Comentário pra lá de verdadeiro de Paul Johnson. Embora meus conhecimentos universitários não sejam grandes, vejo que no meio dos grandes intelectuais há mais orgulho e esnobismo do que verdade, sinceridade e razão. Não dá para saber se os acadêmicos estão mais preocupados em conhecer e expandir conhecimento ou em demonstrar suas habilidades pseudo-intelectuais abusando do pedantismo e da soberba. O Pedantismo e o orgulho é tamanho que cria uma barreira que impede o diálogo entre opiniões divergentes, já que muitos se preocupam mais em esnobar do que aprender.

Comentem o que pensam sobre o assunto!

domingo, 13 de janeiro de 2008

Eu li Correntes Cruzadas - Colin Russell

Correntes Cruzadas - Colin Russell

Terminei meu primeiro livro do ano, mas já tenho outros nove na fila de espera. Correntes Cruzadas trata da relação entre a ciência e a fé, em especial a fé cristã. É um livro um tanto quanto chato de se ler, mas nos dá alguma base de conhecimento sobre a relação tão controversa entre religião e ciência. Segue ai a contra-capa do livro:

"Contrária às opiniões populares dos nossos dias, a história da ciência não revela um conflito entre a ciência e a religião. Apesar das grandes e controversas mudanças em nossa maneira de ver a realidade física e o cosmos, há uma evidência histórica poderosa de um débito enorme e mútuo entre o cristianismo e a ciência. Nada é comparável ao crescimento da ciencia moderna ocorrido na história a não ser uma possível exceção: o surgumento do próprio cristianismo.

O Professor Colin Russel (Open University) analisa os estranhos e múltiplos caminhos nos quais a ciência se desenvolveu durante os cinco últimos séculos e, em particular, sua interação com a fé cristã. Ele o faz explorando diversos tópicos chave, como o crescimento da tecnologia e a controvérsia evolucionista.

Assumindo uma tradição antiga, Colin Russel emprega como ilustração principal, a imagem de um rio, crescente desde a sua nascente até o presente "dilúvio" do conhecimento científico e manipulação que para muitos se mostra insuperável."

Atos 17,18 e 19 e a Necessidade de Lideres Intelectuais na Igreja

O Pensador de Rodin

O período histórico em que a Igreja Cristã se mostrou mais saudável, sem dúvidas, foi o período registrado no livro de Atos e, justamente por isso, é desse período que devemos buscar o modelo de Igreja mais apropriado. Mas ao compararmos as práticas dessa Igreja de 2000 anos atrás com a Igreja contemporânea, a diferença é gritante. A Igreja se preocupa muito no porquê de não alcançarmos os mesmos resultados da Igreja de Atos, mas nossa preocupação deveria ser menos em atingir os mesmos resultados da Igreja de Atos e mais com o modelo de Igreja que agrada a Deus, o modelo que Atos nos ensina. Não devemos focar nossa atenção no fim, mas sim no meio.

Os capítulos 17, 18 e 19 do livro de Atos revelam um principio declaradamente ignorado nos nossos dias – a importância de liderança intelectual na Igreja. O grande responsável pela expansão do Cristianismo naqueles dias, o Apóstolo Paulo era uma referência não só espiritual, mas também intelectual. Enquanto nós tendemos a mistificar por demais a pregação das boas novas, vemos que Paulo usava de toda sua habilidade intelectual para, literalmente, persuadir as pessoas a crerem em Jesus Cristo (At 17.4). Porque não deveríamos fazer o mesmo?

Paulo era um homem altamente intelectual que não perdia uma oportunidade de arrazoar com os gentios acerca das Escrituras (At 17.1) ou de enfrentar com argumentos, os filósofos da época (At 17.18), inclusive citando poetas pagãos por pelo menos três vezes em seus escritos (At 17.28, 1Co15.33, Tt 1.12) e ainda ensinando na Escola de Filosofia de Tirano (At 19.9). Outro que merece menção por sua habilidade de persuasão e oratória é Apolo que usava de suas habilidades naturais para convencer os judeus, por meio das Escrituras, que o Cristo é Jesus (At 18.28). Em cinco ocasiões, apenas nesses três capítulos de Atos, são usadas as palavras persuadir (At 17.4, 18.4, 19.8), convencer (At 18.28) e arrazoar (At 17.2). Tais palavras se referem essencialmente ao uso do intelecto.

É notória a diferença entre como a Igreja de Atos encarava a importância do intelecto e como nós hoje a encaramos. Hoje, talvez a maioria dos pastores não tenha sequer treinamento teológico. Filosófico então nem se fala. Por isso a Igreja é presa fácil para a influência do pensamento secular. Enquanto os futuros lideres e influenciadores dos valores da nação, sejam estes advogados, psicólogos, cientistas, médicos, filósofos estudam no mínimo quatro anos para tirar um diploma de bacharel. Nossos pastores desprezam o valor do estudo em seus ministérios, muitos nem sequer buscam instrução teológica, quanto mais de qualquer outra ciência. Qual cristão é citado como fonte de informação quando se trata de história, filosofia, psicologia, sociologia ou política? A Igreja nunca vai influenciar positivamente a cultura enquanto desprezar o valor pensamento, que é o que realmente move a cultura. O sociólogo John G. Gager apontou que apesar de a Igreja primitiva ter sido um movimento minoritário que enfrentou o desprezo e marginalização cultural e intelectual, ela só manteve a unidade interna e o testemunho corajoso por causa do papel dos intelectuais e apologistas Cristãos da época. A Igreja sabia quem eram seus intelectuais e apologistas e isso dava confiança e força para eles enfrentaram a marginalização pelo resto da sociedade. Hoje, a situação não é diferente, a Igreja Evangélica é ridicularizada pela sociedade, mas com a triste diferença que não temos uma liderança intelectual para nos apoiar. Se quisermos vencer devemos nos preparar para a batalha. Uma batalha que não é travada nas ruas, mas sim nas Universidades do país de onde saem os futuros lideres da nação. Enquanto o pensamento for reduto de Satanás, fica fácil de saber quem se sairá vencedor.

Vitor Pereira 02.09.2007

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Cristão ou Pagão?


Quais são as semelhanças entre a Igreja de Atos e a Igreja contemporânea? Acredito que a resposta da maioria é um longo e esclarecedor silêncio, o que não é nada bom. Nós não oramos como a Igreja de Atos orava. Não estudamos a Palavra como a Igreja de Atos estudava. Não vivemos em unidade e comunhão como a Igreja de Atos vivia. E pior, não vivemos o mesmo evangelho que eles viviam. Pelo contrário, nos assemelhamos mais aos pagãos que usavam os deuses para que pudessem cumprir seus desejos egoístas, do que aos verdadeiros cristãos usados por Deus para cumprir os desejos d’Ele, custe o preço que custar. Quem somos nós afinal? Cristãos ou pagãos?


O Cristianismo cresceu em um ambiente altamente hostil. Lutou contra uma fé judaica severa e ortodoxa e contra um Império intolerante. O fermento dos fariseus e o fermento de Herodes. A religião e a política. Um ambiente onde adorar um homem que se dizia Deus era blasfêmia punida por apedrejamento, e onde não se curvar perante a imagem do imperador era crime punido com a morte. Ao aceitar a Cristo, o neófito estava ciente de ser bem-aventurado, não na paz e tranqüilidade, mas sob perseguição intensa. Jesus deixou para seus apóstolos a responsabilidade de pregar uma mensagem de consolação futura, porém de abnegação, de altruísmo e sacrifício. Paulo chega a ponto de convidar Timóteo a participar de seus sofrimentos (1Tm1.8,2.3), que por sinal foram muitos (2Co 11.23-29). É tarefa árdua encontrar algum seguidor de Jesus nas páginas do Novo Testamento que tenha tido uma vida fácil. Foi nessas circunstâncias que a mensagem cristã deu seus primeiros passos, e assim a fé cristã se expandiu por todas as cidades antigas, até que...


Dezembro de 312 d.C. Na véspera da batalha da ponte Milvio, o então Imperador de Roma Constantino teve um sonho no qual ele via no céu uma enorme cruz com os dizeres IN HOC SIGNO VINCES (Vences por este sinal). No mesmo dia, Constantino mandou cravar na armadura de seus soldados uma cruz. E Roma venceu a batalha. Após essa experiência marcante, Constantino se converteu ao Cristianismo, religião até então marginalizada em Roma, tornando-a a religião oficial do Império Romano. Bom? Nem tanto. Roma era uma cidade altamente pagã, os seus cidadãos acreditavam em vários deuses, cada deus com uma função especifica. Você oferecia algo a um deus e ele te dava algo em troca. A principal diferença entre o cristianismo e o paganismo é que o cristianismo é um ideal altruísta – primeiro Deus e os outros – e o paganismo um ideal egoísta – primeiro eu. A função dos deuses do paganismo é satisfazer os nossos desejos. Já no cristianismo somos nós que temos que satisfazer os desejos de Deus. Primeiro os objetivos d’Ele, depois os nossos. O fato de o Cristianismo ter se tornado a religião oficial não serviu para extirpar o pensamento pagão dos cidadãos romanos, pelo contrário, foi o paganismo que influenciou o pensamento Cristão dando origem às diversas doutrinas anti-biblicas da Igreja Católica Apostólica Romana. Os santos do catolicismo não passam de deuses pagãos disfarçados que tem como objetivo a satisfação dos nossos desejos antes de qualquer coisa.


Mas como esse artigo não é mais uma tentativa evangélica de demonizar o Catolicismo, vamos voltar nossa atenção para a trave em nossos olhos. Que tipo de religião será que nós evangélicos estamos seguindo? Receio que a resposta não é a que Jesus gostaria de ouvir. A influência pagã não é “privilégio” apenas dos Católicos Romanos. Basta uma visita às maiores denominações evangélicas para saber que a coisa não anda muito bem. Os templos mais cheios são aqueles comandados por líderes que apelam para a realização pessoal do individuo e não para os propósitos eternos de Deus. A ênfase é no “eu” e não no “Ele”. O grande erro do movimento evangélico é acreditar que a maior preocupação de Deus é com o seu bem-estar e com o seu sucesso. È duro de ouvir, mas a realidade é que Deus não se importa tanto com a prosperidade dos fiéis quanto com os seus propósitos eternos. Ele jamais te prometeu riqueza material ou sucesso financeiro, assim como também não promete que sua vida será tranqüila, e te adverte que você enfrentará problemas. Soaria bastante estranho para um cristão primitivo a mensagem de um desses apóstolos ou profetas modernos com suas promessas de riqueza material, conforto, paz e prosperidade. Provavelmente Paulo ficaria horrorizado ao saber que um dos objetivos de um dos maiores líderes evangélicos do país, René Terra Nova, é “resgatar” (de onde?) o desejo de prosperar na Igreja do Brasil!¹ A diferença entre a Igreja de ontem e a de hoje é gritante e pode ser resumida no seguinte, eles focavam nos propósitos de Deus, nós focamos nos nossos próprios propósitos. Porque será que nos nossos púlpitos o Novo Testamento é lido tão pouco? Será porque só é possível encontrar promessas de prosperidade e triunfo no Antigo Testamento? Até quando desprezaremos as riquezas espirituais que nos aguardam e nos contentaremos com as riquezas materiais? Até quando nos recusaremos a ouvir a verdade e nos entregaremos às fabulas? Às vãs filosofias hedonistas, humanistas e pagãs? A situação é critica, devemos despertar para a influência mundana na nossa fé. Não adianta expandir o cristianismo nominal se continuarmos trocando os valores de Deus pelos valores do mundo. Como podemos incentivar os crentes a pensarem em dinheiro se é justamente isso que Jesus disse que dificulta nossa entrada no céu? Como podemos continuar alimentando egos? Quando oraremos de verdade “Seja feita a Tua vontade”!?


Atributo essencial do verdadeiro cristão é a renovação da mente. O que inclui o despojar do pensamento mundano e o revestimento do pensamento cristão. Não é fácil, mas é necessário. Pense como os cristãos primitivos pensavam, os propósitos de Deus estão muito acima de nós e de nossos propósitos terrenos. O objetivo do cristão é servir a Deus custe o que custar, inclusive às custas da própria vida. O apelo que eu faço é que todos reflitam sobre que religião tem vivido, a religião do egoísmo ou a verdadeira religião de Cristo. É tempo de pararmos de usar Deus como um servo e aprender que os servos somos nós. É tempo de perdermos a vida por Cristo para que possamos encontrar os tesouros da verdadeira vida.


Vitor Pereira
18.10.2007


¹Fonte: http://www.mir12.com.br/congre07/index2.php?pg=ZW50cmV2aXN0YQ==&id=51

Depois de 20 dias, estamos de volta!

Pois é, Dezembro foi um mês muito estressante e de muito trabalho, e por isso esse blog foi deixado de lado por um tempo, mas agora que a maré baixou, eu posso continuar esse trabalho e entrar em contato com os leitores. Meu momento atual é de trabalho, e ainda não posso me dedicar inteiramente à obra de Deus, e à ler e escrever. Mas nem tudo é ruim, apesar do ritmo estressante de trabalho (cheguei a trabalhar até 15 horas por dia), o mês de Dezembro trouxe coisas boas... sete novos livros! Dentre eles Ensaios Apologéticos com artigos dos maiores apologistas cristãos, como William L. Craig, J.P. Moreland, Francis Beckwith, Ravi Zacharias dentre outros, e A Veracidade da Fé Cristã do grande William Lane Craig. Com certeza é garantia de bons textos no blog! Pra começar o ano, posto um artigo que escrevi a quase 2 meses, refletindo sobre a religião que temos vivido.

 
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