domingo, 20 de abril de 2008

Eu li... The Screwtape Letters - C.S. Lewis

The Screwtape Letters
C.S. Lewis



A melhor forma de correr com o Diabo, se ele não se rende aos textos das Escrituras é zombar e caçoar dele, pois o mesmo não suporta o escárnio. Martinho Lutero

O Diabo... o espírito do Orgulho... Não suporta ser debochado.
Thomas More


Essa é a versão original de Cartas de Um Diabo ao Seu Aprendiz do gênio C.S. Lewis. Ler C.S. Lewis é mergulhar nas profundezas da Verdade. Nunca li um autor com tamanha capacidade de falar de verdades profundas de forma tão simples e irrefutável. Sua lógica é clara como neve e seu pensamento extramamente simples (mas jamais simplório!) e verdadeiro. Lewis tem a capacidade de falar aquelas verdades que todos já pensaram mas não souberam expressar. Sua apologia é genial. Diante da verdade como ela é, sem jargões, sem enxertos filosóficos pós-modernos não há como não se render.

Em The Screwtape Letters, Lewis escreve na pele do demônio Screwtape que através de suas cartas ensina seu sobrinho Wormwood sobre a arte de ganhar almas. O livro é uma aula de vida cristã, é impossível ler o livro e não se encaixar nas situações descritas por Lewis. Vemos como as armadilhas demôniacas são recorrentes e estão presentes nas "verdades" tão intensamente proclamadas pelas filosofias dos nossos tempos. O cristianismo é constantemente questionado pelos valores seculares, em Lewis, é o contrário que acontece. Ninguém está isento da necessidade de ler esse livro. A Igreja precisa ler C.S. Lewis.

Segue abaixo a primeira das 31 cartas:

CARTA Número I

Meu Caro Wormwood:

Prestei bastante atenção no que você disse acerca de conduzir as leituras do seu paciente, tomando cuidado para que ele assimile bastante daquele amigo materialista. Mas você não está sendo um pouquinho ingênuo nesta tarefa? Parece-me que você está se convencendo (não sei baseado em quê) que através da argumentação você pode afastá-lo da influência do Inimigo. Isso até seria aceitável, se seu paciente tivesse vivido alguns séculos atrás, pois naquele tempo os humanos ainda sabiam distinguir quando uma coisa havia sido provada ou não. E se tivesse sido, os homens a aceitavam e mudavam sua maneira de agir e de pensar, somente seguindo uma corrente de raciocínio. No entanto, devido à imprensa semanal e a armas semelhantes, alteramos bastante este contexto. Parta do princípio que sua vítima já se acostumou desde criança a ter uma dúzia de filosofias diferentes dançando em sua cabeça. Ele não usa o critério de "VERDADEIRO" ou "FALSO" para conferir cada doutrina que lhe apareça (seja do Inimigo ou nossa). Ao invés disso, ele verifica se a doutrina é "Acadêmica" ou "Prática", "Antiquada" ou "Atual", " Aceitável" ou "Cruel". O jargão e a expressão feita (e não o argumento lógico) são seus melhores aliados para mantê-lo longe da Igreja. Não perca tempo tentando levá-lo a concluir que o Materialismo seja verdadeiro (sabemos que não é). Faça-o pensar que ele é Forte, Violento ou Corajoso - ou ainda, que é a Filosofia do Futuro! Este é o tipo de coisas que lhe despertarão a atenção. Percebo que você tem intenções produtivas, mas há um problema muito grande quando tentamos persuadir o paciente a passar para nosso lado pelo emprego de argumentos e lógica: isto conduz toda a luta para o campo do Inimigo, que para azar nosso também sabe argumentar (e melhor do que nós). Por outro lado, no que diz respeito à propaganda prática (ainda que falsa) que lhe sugeri, Ele tem se mostrado por séculos bem inferior ao Nosso Pai lá de Baixo. Pela pura argumentação, você despertará o raciocínio do paciente; uma vez que a razão dele desperte, quem poderia prever o resultado? Veja que perigo! Mesmo que uma cadeia de raciocínio lógico possa ser torcida de modo a nos favorecer, isso tende a acostumar o paciente ao hábito fatal de questionar as coisas, analisando as mesmas com visão geral, e desviando-se das experiências ditas "concretas", que na verdade são apenas experiências sensíveis e imediatas. Sua maior ocupação deve ser portanto a de prender a atenção da vítima de modo a jamais se libertar da corrente do "Se eu vejo, creio!". Ensine-o chamar esta corrente "Vida Real", e jamais deixe-o perguntar a si próprio o que significa "Real". Lembre-se que ele não é puramente espírito como você. Nunca tendo sido humano (É abominável a vantagem do Inimigo neste ponto) você não percebe o quanto os humanos são escravizados à rotina. Uma vez, tive um paciente, ateu convicto, que costumava fazer pesquisas no Museu Britânico. Um dia, estando ele a ler, notei que seu pensamento esvoaçava com tendência a um caminho errado. Com efeito, o Inimigo ali estava ao seu lado, naquele momento. Antes que desse por mim, vi o meu trabalho de vinte anos começando a desmoronar. Se tivesse entrado em pânico e tentado argumentar, eu estaria irremediavelmente perdido. Mas não fui tolo a esse ponto! Recordei da parte da vítima que mais estava sob meu controle e lembrei-lhe que estava na hora de almoçar. O Inimigo acho lhe fez uma contra-sugestão (você bem sabe como é difícil acompanhar aquilo que Ele lhes diz) de que a questão que lhe surgira na mente era mais importante do que o alimento. Penso ter sido essa a técnica do Inimigo porque quando lhe disse "Basta! Isto é algo muito importante para se meditar num final de manhã...", vi que o paciente ficou satisfeito. Assim, arrisquei dizer: "É muito melhor se você voltar ao assunto depois do almoço e estudar o problema com cabeça mais fresca. Não havia acabado a frase e ele já estava no meio do caminho para a rua. Na rua, a batalha estava ganha. Mostrei-lhe um jornaleiro gritando "Olha o Jornal da Tarde", e o Ônibus No.73 que ia passando, e antes que ele tivesse dado muitos passos, eu o tinha convencido de que sejam lá quais forem as idéias extraordinárias que possam vir à mente de alguém trancado com seus livros, basta uma dose de "Vida Real" (que ele entendia como o ônibus e o jornaleiro gritando) para persuadí-lo que "Aquilo Tudo" não podia ser verdade de jeito nenhum. A vítima escapara por um fio, e anos mais tarde, gostava de se referir àquela ocasião como "senso inarticulado de realidade, que é o último salva-vidas contra as aberrações da simples lógica". Hoje, ele está seguro, na Casa de Nosso Pai. Começa a perceber ? Graças a processos que ensinamos em séculos passados, os homens acham quase impossível crer em realidades que não lhes sejam familiares, se estão diante de seus olhos fatos mais ordinários. Insista pois em lhe mostrar o lado comum das coisas. Acima de tudo, não faça qualquer tentativa de usar a Ciência (digo, a verdadeira) como defesa contra o Cristianismo. Certamente, as Ciências o encorajariam a pensar em realidades que a visão e o tato não percebem. Tem havido tristes perdas para nós entre os cientistas da Física. Se a vítima teimar em mergulhar na Ciência, faça tudo que você puder para dirigi-la para estudos econômicos e sociais, acima de tudo, não deixe que ela abandone a indispensável "Vida Real". Mas o ideal é não deixar que leia coisa alguma de Ciência alguma, e sim lhe dar a idéia de que já sabe de tudo e que tudo que ele assimila das conversas nas "rodinhas" são resultados das "descobertas mais recentes". Não se esqueça que sua função é confundir a vítima. Pela maneira como alguns de vocês, diabos inexperientes falam, poderiam até pensar (que absurdo!) que nossa função fosse ensinar!


Seu afetuoso tio,


Screwtape

4 comentários:

Hélio Pariz disse...

Pois é, Vitão... C. S. Lewis and the Screwtape Letters must be always revisited... show!
Dá uma olhada nesse anúncio aqui depois, acho que você pode passar uns dias em Brasília:

http://www.gospelmais.com.br/noticias/4239/palestra-em-brasilia-discute-o-cristianismo-bencao-ou-maldicao.html

Abração!

Gustavo disse...

Olá, Vitor!!
O Hélio tinha me contado que você postou um dos textos de Lewis. Muito bom mesmo! A editora Vida recentemente lançou Milagres, e as cartas que ele enviou a uma senhora (cujo nome esqueci).
Se tiver textos para postar no site, pode me enviar, que eu posto. Se quizer se tornar autor lá também, esteja a vontade (apesar do site ainda ter alguns bugs, hehehehe)

Plenno disse...

Parei na 8a carta
mas foi por falta de vergonha na cara mesmo. Ate minha bíblia tava ficando pra trás, voltei a ler hoje.

Vitor Grando disse...

Olá... Gustavo, claro que gostaria de postar meus arquivos lá, enviarei os artigos para você!
Um Abraço!

 
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